DUREZA

"It´s better to burn out than to fade away"

domingo, 6 de julho de 2014

Ultra-trail Serra da Freita...feito!

Eu sei...eu sei, estive mais de uma semana sem dizer nada.
Isto, num momento crucial em que estava a dias de realizar os 70 Km do ultra-trail da Serra da Freita.
Pois bem...PROVA SUPERADA!
Estive todos estes dias para escrever a crónica desta prova, mas demorei estes dias todos a digerir todos os momentos maravilhosos e intensos que por lá vivi.
 
Na Serra da Freita- Arouca
O que escrever depois de uma prova quase sobre-humana superada?
O que procurar ou que objetivos me hei de auto-impor depois de um mega-desafio superado?
Pois...não sei. Estou algo perdido, acho que ainda por lá ando, a divagar por entre a cascata e as montanhas.
 
Fui para a serra na quinta feira (26JUN14) com a mulher e filhos, para aproveitar uns dias de férias e acampamos no parque local.
Passeamos bastante e conhecemos toda aquela zona e admito que fiquei fascinado com toda aquela beleza natural e rústica.
 
No sábado (28JUN14) pelas 05H30...05H45 lá fomos nós. Penso que 369 atletas inscritos, de lâmpada "frontal" na cabeça arrancámos para o início da prova.
 
 Ao contrário do Extrem-Trail dos Cucos de Torres Vedras, estava algo receoso pela distância, pelo que arranquei com muita calma e num passo/ritmo muito baixo.
É claro que tive que levar com os afunilamentos sucessivos, com o estreitar da estrada para os trilhos e cada vez que um trilho era mais apertado ou seletivo.
Admito que, para quem quer competir em trail, mesmo em ultras, os primeiros km têm que ser realizados num  ritmo acima do aconselhado, apenas com o intuito de fugir aos afunilamentos e perdas de tempo por espera em fila.
 
Choveu desde as 06H00 até às 13H30, pelo que me recordo. E quando não era a chuva que nos molhava, era as quedas dadas a atravessar o riacho.
 
A chuva tornou tudo menos penoso a nível de calor, pois teria sido um suplício fazer este trail com trinta e tal graus, mas tudo ficou bem mais perigoso. As pedras ficaram como manteiga e nem os melhores ténis agarravam. As quedas foram gerais e sucessivas.
 Antes dos 20km um camarada de corrida caiu à minha frente e aparentemente deslocou o ombro ou pelo menos ficou muito mal tratado com a queda, quando fui no seu auxílio..caí eu sobre a minha mão lesionada, a que levei os 4 pontos na prova dos Cucos apenas 2 semanas antes. A dor foi agonizante e por pouco os pontos não rebentaram. Fiquei obviamente limitado a partir daí.
Fazer escalada com recurso a uma mão apenas é terrivel.
 
No 1º abastecimento aos 20km já com a mão "mandada abaixo".
Sentir que só dispunha de uma mão para aguentar o peso do corpo em momentos cruxuais, ao estilo "se cais...morres" é desgastante.
Mas lá fui indo. 
 
 
A partir do momento daquela queda e dadas as sucessivas perdas de tempo em alguns locais devido à fila de atletas para atravessar certos locais, a arrefecer debaixo de chuva, o meu objectivo que era terminar a prova entre as 12H e as 12H30 passou simplesmente para conseguir acabar...chegar ao fim.
 Tudo se complicou a partir dos 50 Km pois comecei a sentir fortes câimbras na perna direita, talvez devido à minha de falta de técnica nas descidas (ainda travo muito e com recurso à força de pernas/muscular) e perdia aos 10 minutos só para alongar e conseguir andar ou correr.
Bebi mais de 8litor de água e isto a chover...esqueci-me foi de ingerir os sais para compensar, só mesmo depois das primeiras câimbras é que comecei a  engolir pedras de sal, mas já era tarde demais. Valeu-me um companheiro que me deu uma pastilha de miostenil (magnésio+sais minerais), melhorei bastante.
 
Subir a "besta"...foi pura escalada de calhaus, custou-me "pra xuxu", pois fazê-la com uma mão apenas..."jasuuus", não foi fácil.
 
Mas lá cheguei ao fim.
Ao fim de 16H53´06 de "corrida", escalada, quedas e afins, por 70km de pura DUREZA.
Demorei quase mais 5h do que o objectivo inicial, mas admito que entre os 30 e 40km pensei "n" vezes em desistir. Chegar ao fim foi um feito. Houve 140 desistências.
Feito!
 
Classificações e tempos aki.
 
 
 

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